Nascida em primeiro de setembro de 1886, no pequeno município de Capivari, interior do estado de São Paulo, Tarsila do Amaral se consagrou como o maior símbolo do modernismo brasileiro, além de ser considerada uma das mais importantes artistas do século XX.
Filha de pais fazendeiros, Tarsila cresceu em meio ao luxo e desde cedo recebeu uma excelente educação, estudando parte de sua vida em um colégio de freiras no bairro de Santana e também no importante Colégio Nossa Senhora de Sion, localizado no bairro de Higienópolis em São Paulo. Mais tarde viajou para a cidade de Barcelona, na Espanha, onde concluiu seus estudos no Colégio Sacré-Coeur.
Logo em 1904, a jovem artista já demonstrava seus dons para a pintura. Seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, foi pintado logo que chegou a Europa. Nos próximos anos, Tarsila se casou como seu primeiro marido, o médico André Teixeira Pinto, com quem teve sua única filha Dulce. O casamento não foi muito longe, pois André não concordava que Tarsila se dedicasse a pintura, pois era conservador e queria que sua esposa apenas cuidasse do lar. Após a separação, Tarsila retorna ao Brasil, onde começou a estudar arte. Aprendeu escultura, desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino e também conheceu Anita Malfatti.
No ano de 1920, Tarsila viajou para Paris onde foi estudar na Académie Julien, retornando ao Brasil dois anos depois. Nesse período a artista ficou sabendo da Semana de Arte Moderna que ocorrera em São Paulo em 1922, por meio de cartas enviadas por sua amiga Anita Malfatti. Após sua chegada ao Brasil, conheceu grandes nomes do modernismo brasileiro como os escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia, formando o conhecido Grupo dos Cinco.
No fim de 1922, Tarsila e viajou novamente para Paris, acompanhada de Oswald de Andrade, com quem iniciara um relacionamento. Nos próximos anos a artista estudou juntamente a diversos mestres da arte cubista e foi apresentada a outros importantes pintores da época como Pablo Picasso, além de poetas, escritores e músicos. Além disso, tornou-se amiga de importantes nomes da cultura brasileira como o compositor Villa Lobos e o pintor Di Cavalcanti.
A partir do ano de 1924, já de volta ao Brasil, Tarsila deu início a um dos mais importantes períodos de sua arte, que também ficou conhecido como “Pau Brasil”. Junto como o Grupo dos Cinco, a artista viajou por diversos estados brasileiros e trouxe para as suas telas as belíssimas paisagens por onde percorria.
Em janeiro de 1928, Tarsila pintou a sua tela mais conhecida e que também se tornou um dos mais importantes símbolos do modernismo brasileiro: o ‘Abaporu’. A tela foi pintada como um presente para o seu marido Oswald de Andrade, que a considerou uma das mais belas obras já feitas pela artista. No ano seguinte, Tarsila fez a sua primeira exposição individual no Brasil, recebendo críticas divididas, pois o modernismo era novidade na época, portanto muitas pessoas não entendiam esse tipo de arte.
Nos próximos anos a realidade de Tarsila mudou radicalmente. Com a crise do café que se agravara naquela época, a artista teve que começar a trabalhar. Nessa época acabou por se separar de Oswald de Andrade, após descobrir uma traição do marido. No ano de 1931, Tarsila expôs em Moscou, local em que fez novas amizades e sensibilizou-se com a causa operária. Na época a artista conheceu novos amigos e teve contato com o Comunismo. De volta ao Brasil, Tarsila começou a envolver-se com o Partido Comunista Brasileiro, mas acabou sendo presa durante um mês e decidiu não se envolver novamente com a política. Nessa época a pintora dedicou-se a retratar quadros com uma temática social, sendo mais conhecidas as obras “Operários”, “Segunda Classe” e “Costureiras”.
Nos anos seguintes Tarsila casou-se como o escritor Luís Martins e começou a trabalhar como colunista nos Diários Associados, fundado por seu amigo Assis Chateaubriand, local em que permaneceu até a década de 1950. No ano de 1966, sua única filha faleceu, prematuramente. A artista veio a falecer em janeiro de 1973, segundo algumas fontes de depressão, sendo enterrada no Cemitério da Consolação, em São Paulo.