Conhecido como o “Rei do Samba”, Heitor dos Prazeres foi um dos mais importantes compositores, poetas e artistas plásticos brasileiros do século XX. Nascido em família humilde, Heitor conheceu desde cedo a realidade do trabalho, principalmente após perder seu pai, o marceneiro e clarinetista da banda da Guarda Nacional Eduardo Alexandre dos Prazeres, que aos sete anos de idade já começava a lhe ensinar o ofício de marceneiro e também encantava a todos ao tocar seus maravilhosos solos de clarinete nas tardes após o trabalho.
Naquela época, pouco após a abolição da escravatura, ocorrida no ano de 1888, muitas famílias negras começavam a se agrupar em morros localizados próximos aos centros urbanos, dando origem às favelas. Foi em meio a essa realidade que cresceu Heitor dos Prazeres. Após a morte de seu pai foi estudar em uma escola profissionalizante em que pode aprender a profissão de marceneiro e cursar o primário. Foi nesse período que seu tio Hilário Jovino, também conhecido como “Lalu de Ouro”, lhe presenteou com seu primeiro cavaquinho, instrumento que se tornaria um amigo inseparável de Heitor.
Durante boa parte de sua infância e adolescência Heitor trabalhou como engraxate e jornaleiro para se sustentar. Nos fins de semana ia até a casa de seu tio Lalu, que o incentivava a tocar o cavaquinho. Esses encontros também aconteciam nas casas de outros parentes e também de amigos, reunindo importantes sambistas da época como Pixinguinha e Paulo Benjamim de Oliveira.
Durante a década de 20, já popular no mundo do samba, Heitor dos Prazeres participou da criação das escolas de samba Portela e Estação Primeira de Mangueira, compondo sambas e contratando pessoas para fazer parte das apresentações.
Em 1931 casou-se com Dona Glória com quem teve três filhas. Foi após a morte de sua primeira esposa, em 1936, que Heitor dos Prazeres ingressou no mundo das artes plásticas. Profundamente triste com os fatos ocorridos, o artista pintou seu primeiro quadro: “O Pierrot Apaixonado”, nome de uma de suas mais famosas composições interpretada por seu amigo Noel Rosa.
Nos anos seguintes Heitor, incentivado por seus amigos, criou vários quadros, sempre com temas ligados a realidade a sua volta como o carnaval, o samba, a música e a cultura afro. Suas numerosas obras foram reconhecidas tanto no Brasil quanto no exterior, sendo um de seus quadros adquiridos pela majestade inglesa.
Os quadros do artista também fizeram parte de diversas exposições em todo o Brasil e até hoje são fonte de inspiração para muitos artistas. Heitor também participou da Bienal de Arte Moderna de São Paulo no ano de 1951 e recebeu um prêmio pelo seu quadro “Moenda”, que passou a fazer parte do acervo do Museu de Arte Moderna na época.
Heitor dos Prazeres faleceu em 04 de outubro de 1966 na cidade do Rio de Janeiro, deixando um importante legado para a cultura afro-brasileira. Suas composições, seu samba e suas artes são exemplos de uma mente brilhante, que nunca se deixou abater por sua cor, classe social ou mesmo pela dura realidade ao seu redor.